sábado, 23 de janeiro de 2010
Por que a ajuda vem armada?
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
E o Haiti?
“Na segunda metade do século[XVIII], o melhor açúcar do mundo brotava do solo esponjoso das planuras da costa do Haiti, um colônia francesa que nessa época se chamava Saint Domingue. Ao norte e a oeste, Haiti converteu-se em sorvedouro de escravos: o açúcar exigia cada vez mais braços. Em 1786, chegaram à colônia 27 mil escravos, e no ano seguinte 40 mil. No outono de 1791, explodiu a revolução. Num só mês, setembro, duzentas plantações de cana foram tomadas pelas chamas; os incêndios e os combates sucederam-se sem trégua à medida que os escravos insurretos iam empurrando os exércitos franceses até o oceano.(...) Logo em 1825, a França reconheceu a independência de sua antiga colônia, mas em troca de uma gigantesca indenização em dinheiro. Em 1802, pouco depois de Toussaint Louverture caudilho dos exércitos escravos ser preso, o general Leclerc escreveu a seu cunhado Napoleão: “Eis minha opinião sobre o país: há que suprimir todos os negros das montanhas, homens e mulheres, conservando-se somente as crianças menores de doze anos, exterminar a metade dos negros nas planícies e não deixar na colônia nem um só negro que use jarreteiras”. O trópico vingou-se de Leclerc, pois morreu “agarrado pelo vômito negro” apesar das esconjurações mágicas de Paulina Bonapart sem poder cumprir seu plano, porém a indenização em dinheiro tornou-se uma pedra esmagadora sobre as costas dos haitianos independentes que haviam sobrevivido aos banhos de sangue das sucessivas expedições militares enviadas contra eles. O país nasceu em ruínas e não se recuperou jamais: hoje é o mais pobre da América Latina.”
“Em relação ao Haiti, tem a taxa de mortalidade mais alta da América Latina; mais da metade de sua população infantil padece de anemia. O salário legal pertence, no Haiti, aos domínios da ficção; nas plantações de café, o salário real oscila entre 7 e 15 centavos de dólar por dia.”
“Os Estados Unidos ocuparam o Haiti durante vinte anos, e ali, nesse país negro que tinha sido o cenário da primeira revolta vitoriosa dos escravos, introduziram a segregação racial e o regime de trabalhos forçados, mataram mil e quinhentos operários em uma de suas operações de repressão (segundo a investigação do Senado norte-americano em 1922) e, quando o governo local se negou a converter o Banco Nacional numa sucursal do National City Bank de Nova Iorque, suspenderam o pagamento do presidente e de seus ministros, para que mudassem de opinião.”
“O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental. Lá existem mais lava-pés que sapateiros: meninos que em troca de uma moeda lavam os pés de clientes descalços, que não têm sapatos para engraxar. Os haitianos vivem, em média, pouco mais de trinta anos. De cada dez haitianos, nove não sabem ler nem escrever. Para o consumo interno são cultivadas as ásperas encostas das montanhas.”
“Para a exportação, cultivam-se os vales férteis: as melhores terras são dedicadas ao café, ao açúcar, ao cacau e a outros produtos requeridos pelo mercado norte-americano. Ninguém joga beisebol no Haiti, mas o Haiti é o principal produtor mundial de bolas de beisebol. No país não faltam oficinas onde crianças trabalham a um dólar por dia armando cassetes e peças eletrônicas. São, é claro, produtos de exportação. Também é claro que os lucros são exportados, uma vez (é claro!) deduzida a parte que corresponde aos administradores do terror. O menor sinal de protesto, no Haiti, resulta em prisão ou morte. Por incrível que pareça, os salários dos trabalhadores haitianos perderam, entre 1971 e 1975, um quarto de seu valor real9. È significativo que nesse período tenha entrado no país um novo fluxo de capital norte-americano.”
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
O mais baixo na escala do caráter
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Artes em Santa Catarina.
Nesse fim de semana, recebi a indicação de um artigo do ‘nosso’ ‘governador do estado’ na página virtual do A Notícia, indicado pelo meu amigo Maikon K.
No texto, LHS faz uma alusão à cidade de Florença de alguns séculos atrás e as relações de poder e excessos inúteis que caracterizavam as relações feudais e pré-capitalistas, nas quais os poderosos da época competiam na construção de palácios e catedrais. Cita também as academias e a “liberdade criativa”.
E no fim do texto completa: “Em parceria com a Acafe e com a Univille, estamos trazendo para Santa Catarina uma filial da Escola d’Arte de Firenze, que, herdeira dessa tradição criativa de 500 anos, é a maior referência na Europa e em todo o mundo!
O objetivo é dar asas à criatividade, capacitando artistas com base nos mesmos métodos da pintura e da escultura que se formaram Botticelli e Michelângelo.”
Longe de mim querer criticar o campo de construção das artes [principalmente porque esta não é minha área de atuação], que eu inclusive consumo e admiro, mas será mesmo que esta é uma necessidade de Santa Catarina a ponto de ser viabilizada por um pretenso governo? Quais parcelas da população irão se beneficiar com uma ação nesse sentido? Será que o LHS já entrou em uma escola estadual?